Panorama Internacional Coisa de Cinema – Abertura

Panorama Internacional Coisa de Cinema

A noite desta quinta-feira foi marcada pela abertura de mais uma edição do já tradicional Panorama Internacional Coisa de Cinema. O Espaço Itaú Unibanco recebeu grandes nomes do cinema baiano e nacional para mais uma jornada deste que é um dos mais interessantes festivais de cinema brasileiro. Cláudio Marques e Marília Hughes, os anfitriões, dividiram os trabalhos de apresentação do evento (realizado em duas salas simultâneas). Em uma das salas foi exibido o documentário Jards, de Eryk Rocha, recém-premiado no Festival do Rio pela sua direção no filme. Na outra Pietá, do sul-coreano Kim-Ki-duk.

Confira matéria sobre esta edição do festival

Filme dos mais esperados e ganhador do Leão de Ouro do último Festival de Veneza, Pietà retrata a história de um homem cruel que é empregado por agiotas com a tarefa de conseguir, a qualquer custo, dinheiro dos devedores. Até que um dia uma mulher aparece e diz ser sua mãe, querendo pedir desculpas por tê-lo abandonado.

Pietà, de Kim Ki-duk

Na mesma linha de Park Chan-wook, de Oldboy, o cineasta sul-coreano não economiza na arte de afetar o espectador, seja por sequências cruas e pesadas plasticamente, seja pela forte relação desenvolvida entre a dupla de protagonistas, Kang-do (Lee Jung-jin) e Mi-sun (Cho Min-soo). A entrada de Mi-sun na história acontece num contexto de violência extrema praticada pelo jovem sanguinário Kang-do. Ela chega dizendo sinto muito por ter abandonado você. Kang-do parece não acreditar na revelação e a rechaça com mais violência, mas aos poucos ele passa a acreditar na história e a desenvolver uma relação das mais instigantes com ela, sofrendo transformações comportamentais que irá acarretar em mudanças sérias para o desenvolvimento da narrativa.

Trailer de Pietà

O diretor Ki-duk trabalha num estilo de câmera na mão, apresentando certa urgência e crueza nas imagens mostradas. Pietà é assim uma pintura crua, que apresenta de modo poderoso algumas das relações estabelecidas pelo capitalismo extremo, como até onde o ser humano se propõe afundar por conta do dinheiro. Há uma maldade impregnada na personalidade do protagonista, que só se dilui quando a sua fé (no ser humano ou somente na figura de sua mãe) é de alguma forma restaurada.

Esta é a décima oitava produção de Kim-Ki-Duk.

Com mais de 70 filmes distribuídos em oito dias de programação em Salvador e Cachoeira, o Panorama segue até 1º de novembro, com sessões no Espaço Itaú de Cinema – Glauber Rocha, na Sala Walter da Silveira e no Centro de Artes, Humanidades e Literatura da UFRB (em Cachoeira, todas as sessões serão gratuitas).

Programação completa aqui